Sinto-me um trapo, deitado mo chão, amarrotado... meu coração um farrapo... contorcido, esquecido no peito, ancorado...
Minha alma quer gritar bem alto rugidos de raiva e de dor... tenta em vão ser ouvida neste imenso mar sem cor... e saem fracos murmúrios... leves... sussurrados, suprimidos, estilhaçados... fracos pedaços de alma soltos a voar no brilho de olhos cansados... perdidos... ignorados...
Pedaços de alma voam... fracos... sem brilho... até que caem nas tábuas podres desta vida, embatem no chão com toda a força, num último esforço, em vão, de se fazer ouvir... quebram-se em mil pedaços, no chão da vida os estilhaços da minha alma a ruir... e vão caindo... devagar... devagarinho... como bate o coração... sem esperanças... sem forças... lentamente se desgasta... devagar... devagarinho... deixo-me cair no chão... amargos suspiros frios... estilhaços que a vida arrasta...
Carlos Vieira