22/12/2010

CAVALGADA DE ESTRELAS - CARLOS VIEIRA (7º)



Olhei-me no espelho e vi aqueles olhos vazios, carentes, frios, sedentos de alma, de abraços quentes. Vi aquele ser rastejante, perdido no mundo, pobre viajante, tão só e vagabundo, nesta vida, mar sem fundo.
Vi os meus óculos baços a inspirar solidão, vi a minha barba áspera que te pica o coração... e olhei... olhei até me perder para lá da realidade... e olhei... olhei até adormecer sonhando com a felicidade...


Vi um cavalo a cavalgar no nevoeiro, nos meus olhos se perdia, no tempo eterno passageiro, cavalgava sem destino e corria o mundo inteiro, sentia na crina a vida com sabor a sentimento verdadeiro. Ondulava entre as nuvens, fantástico fogo alado, deslizava pelas estrelas, misterioso anjo disfarçado...


Esperava por ti, para cavalgar ao relento, doce anjo disfarçado, estrela guia do meu sentimento...
E cavalgaram tempos sem fim, dias e noites ao luar, correram entre pedaços de céu pelos sonhos sem lugar, teu cabelo ao vento dançava na fantasia, teu sorriso reluzente aquecia a noite fria.


E o piano tocava, fazia-me companhia, vendo-te desenhar com o cavalo movimentos de magia...


E o cavalo desceu, passou pela minha janela, entre as marcas da chuva secas vi o teu sorriso brilhar, trouxeste contigo pó de estrela, que me entrou pela janela, com o piano a tocar, levantou-se num vulto e começou a dançar, sussurrou-me ao ouvido que a Lua prometeu que ias dançar comigo tempos sem fim, dias e noites ao luar, envoltos em sentimento entre pedaços de céu sem lugar...


Fico assim à tua espera para irmos cavalgar, por cada estrela do céu, daremos um beijo ao luar...



Carlos Vieira