tag:blogger.com,1999:blog-68385810689956958852024-03-05T13:49:31.683-08:00Os outros eus dentro de mimMUDEI DE SÍTIO!
VEMO-NOS EM: www.espelhodaspalavras.wordpress.comHeterónimos de Inêshttp://www.blogger.com/profile/16807943364701020092noreply@blogger.comBlogger24125tag:blogger.com,1999:blog-6838581068995695885.post-35507578960442521402011-08-21T14:51:00.000-07:002011-08-21T14:51:05.909-07:00INFORMAÇÃO AOS LEITORES<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQjA10Bw8xj30eKlUv1eSfEoEMFzLFXwFeqfrccJK89lQFDFSNMSYRYLB3V-zr8VATwyHudTGjmB-zUU3DH0iyaPslpIsS0TCRgpQQWkXJh9YIkfM7deVfywFPpbOwlQr_AfziLav1XzY/s1600/novo_blog.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="256px" qaa="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQjA10Bw8xj30eKlUv1eSfEoEMFzLFXwFeqfrccJK89lQFDFSNMSYRYLB3V-zr8VATwyHudTGjmB-zUU3DH0iyaPslpIsS0TCRgpQQWkXJh9YIkfM7deVfywFPpbOwlQr_AfziLav1XzY/s400/novo_blog.jpg" width="400px" /></a></div><div> </div><div> </div><div> </div><br />
Boa noite,<br />
<br />
Escrevo hoje eu na minha própria pele para informar os meus leitores de que está em construção uma nova página onde publico os meus textos, com o intuito de que estejam mais organizados e que seja assim mais fácil encontrar um texto específico que procurem, ou ter acesso a todos os textos subordinados a um determinado tema sem ter de procurar por cada um, uma vez que dispõe de um menu com várias opções.<br />
<br />
Estarão também disponíveis novas ferramentas para os leitores, tais como: classificar de 1 a 5 estrelas, imprimir, enviar via e-mail, partilhar via facebook, twitter, etc.<br />
<br />
Já utilizo essa nova página para publicar os textos actuais e faço também algumas ilustrações. Nessa nova página estão já disponíveis e organizados todos os textos que constam neste blogue bem como outros mais recentes que já não publiquei aqui.<br />
<br />
Quero ainda acrescentar que foi óptimo ter-vos por cá e receber as palavras lindas que me chegaram das mais variadas formas, assim vos convido a, se assim o quiserem, continuar a acompanhar-me no meu novo cantinho, seria um prazer ter-vos por lá.<br />
Mais uma vez obrigada a todos e espero que continuem por perto em:<br />
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<a href="http://www.espelhodaspalavras.wordpress.com/">http://www.espelhodaspalavras.wordpress.com/</a><br />
<br />
Espero-vos lá,<br />
Um beijinho,<br />
<br />
InêsHeterónimos de Inêshttp://www.blogger.com/profile/16807943364701020092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6838581068995695885.post-26013910200283721082011-07-15T09:26:00.000-07:002011-07-15T09:26:05.377-07:007º Campeonato Nacional de Escrita Criativa - 11ª Jornada: "Uma carta ao passado"(Antes de começar, deixem-me só dizer que eu não planeava publicar este texto, uma vez que é de carácter muito pessoal, mas depois alguém me disse que ele contém lições de vida que podem ajudar muita gente a ultrapassar os seus problemas, e avaliando por esse ponto de vista, decidi publicar.)<br />
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<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgY0zlIsrlGFXSZy8TL5PT97KYz8GJ3P_Ua-YsO4r8wkd1BwOuKE_QgVoNWZ12cgqSIOkpSRhACLLCzWAhsaveYjQ4mOQhTeJQ36r-nTmM7EzRlHJsKjNKKInxVX8pbatqkFQ_deSmM3E4/s1600/passado-no-presente.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="327px" m$="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgY0zlIsrlGFXSZy8TL5PT97KYz8GJ3P_Ua-YsO4r8wkd1BwOuKE_QgVoNWZ12cgqSIOkpSRhACLLCzWAhsaveYjQ4mOQhTeJQ36r-nTmM7EzRlHJsKjNKKInxVX8pbatqkFQ_deSmM3E4/s400/passado-no-presente.jpg" width="400px" /></a></div><br />
<strong>*Escreva uma carta à criança de 10 anos que, um dia, já foi. *</strong><br />
<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Fátima, 15 de Julho de 2011</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Querida Inês,</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">Tens apenas dez anos, mas bem sei que a tua verdadeira idade não é essa. Por um acaso que agora te pode parecer infeliz, mas que mais tarde compreenderás que não é tanto assim, a vida fez-te crescer depressa demais. Agora, encontras-te deitada na mesma cama, nessa onde tantas vezes ficam as tuas lágrimas, mas onde te deixas também voar pelos sonhos de uma criança, inocentes… não tão inocentes como os dos outros miúdos da tua idade, eu sei, mas irás aprender a reconhecer isso como uma vantagem. Passaram apenas cinco anos, acreditas? E nesta correria louca do tempo, consegui aprender tanta coisa… e ainda assim sinto essa nuvem de inexperiência que às vezes te assombra. Mas não te preocupes, isso faz parte da vida: cair e aprender, se for preciso duas, três vezes, cem vezes, mas um dia chegaremos lá, o que interessa é continuarmos a tentar, as duas, juntas.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Escrevo-te agora porque me lembro dessa fase complicada que estás a passar. Acredita em mim, Princesa, não estás sozinha, nunca vais estar. Essa voz dentro de ti, far-te-á sempre companhia. Quando te sentires preparada, experimenta: fecha os olhos e não penses em nada - eu sei que é difícil, continua a ser, mas com treino tu consegues – vais ouvir uma voz… chama-se Alma, foi a maior lição que aprendi até hoje: saber escutá-la. É uma amiga para a vida.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Entendo que às vezes te apetece desaparecer e acabar com tudo, mas Princesa, eu sei o que te digo: uma das mais belas coisas que tem a vida é a sensação de ultrapassar os obstáculos mais difíceis… eu sei que achas injusto teres passado por tanto e saberes que vais passar por muito mais, mas vou-te contar um segredo só nosso: Se fosses igual a todos os outros meninos e não tivesses que lutar por cada passo que dás, a vida era demasiado fácil para ti. O tempo vai-se encarregar de te ensinar isso, vais ver.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Trago-te boas notícias: brevemente vais ver na televisão algo que vai mudar a tua vida e o vento vai trazer-te uma amizade única, que te vai dar muita força, mas isso terás de descobrir sozinha.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Princesa, agora o importante é continuar a tentar, podes cair muitas vezes, mas se não continuares a tentar, é certo que não vais sair do chão.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Luta sempre! </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Amo-te,</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Inês</span></div>Heterónimos de Inêshttp://www.blogger.com/profile/16807943364701020092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6838581068995695885.post-73069765173068077172011-07-08T12:05:00.001-07:002011-07-14T06:21:30.520-07:007º Campeonato Nacional de Escrita Criativa -10ª Jornada: "Um Mundo Perfeito"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1iWr6lt4KOgOU2Vr-ZuUAAbBhtPaiUqZR7US_csgRIMog10aNS0oyAyQ-VHvavqNNsDtjKkMjGl0zWRfCfeaoB87P2jzWfWT6wHDsCCv4C8J7CV6pzqiM3UYv9XeXmT0ISRUh_0S8HEE/s1600/BXK21691_mundo_diagonal800.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300px" m$="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1iWr6lt4KOgOU2Vr-ZuUAAbBhtPaiUqZR7US_csgRIMog10aNS0oyAyQ-VHvavqNNsDtjKkMjGl0zWRfCfeaoB87P2jzWfWT6wHDsCCv4C8J7CV6pzqiM3UYv9XeXmT0ISRUh_0S8HEE/s400/BXK21691_mundo_diagonal800.jpg" width="400px" /></a></div><br />
<br />
<strong>*Descreva um mundo perfeito*</strong><br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Perfeição. Que palavra é esta que soa tão doce ao olhar e erradia por todos os poros perfume para os ouvidos do Homem? Que desde o início dos tempos nele desperta um furacão de ideais, de sonhos? Qual estranha melodia que estremece e lhe ecoa nos sentidos, gerando uma poderosa atmosfera de autoconfiança que o torna, na sua mente, capaz de virar o mundo ao contrário, de um só esforço, e torná-lo um mundo perfeito:</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Um mundo de memórias entre, bolas de sabão</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Onde não existe fome, dor, guerra,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Onde a diferença se une e, todos iguais, dão a mão,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Um lugar onde o amor torna Paraíso a Terra.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Um mundo de sonhos,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Sem política ou religião,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Com regras, com crenças,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">E em vez de países, uma família, uma nação.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Lugar perfeito seria uma tela de emoções,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Poema rimando versos, odes à gente de mãos dadas,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Um misto de melodias, ritmo dos corações,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Palco de reais fantasias, em danças sem fim dançadas.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Não haveria racismo, pobreza, violações</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Trabalho infantil, escravatura, excisões,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Violência doméstica, desrespeito dos direitos</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Eram palavras esquecidas, do tempo dos imperfeitos.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Nesse mundo de encantar, não havia criminalidade,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Não existiam bolsas, dívidas, economia,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Era constante a saúde,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">E em vez de abandonadas, as pessoas de idade</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Eram consideradas ícones da sabedoria, </span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Respeitadas pela juventude.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">As pessoas trabalhavam para bem da comunidade</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">E não por obrigação,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Dando o Estado lugar à comunidade</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">E o desemprego à união.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">O espelho das águas revela</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">A beleza de um mundo limpo,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">A magia de cada estrela</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Que ostenta o monte Olimpo.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">O mundo em que vivemos tornar-se-ia perfeito,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">O lugar triste e cinzento ganhava a cor da perfeição,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Se a mente de todos se juntasse ao coração,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">E ouvíssemos palpitar a voz de dentro do peito.</span><br />
<br />
<br />
<br />
<strong><span style="font-family: Calibri;">(51 pontos em 60)</span></strong></div>Heterónimos de Inêshttp://www.blogger.com/profile/16807943364701020092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6838581068995695885.post-85168412554286417842011-07-01T13:36:00.000-07:002011-07-01T13:36:53.971-07:007º Campeonato Nacional de Escrita Criativa - 9ª Jornada: "Fragmentos Hipotéticos Num Impasse Cor-Vermelho"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwRTTinRcUGOMH_oFajR1uzp-rA1Z7gWFSy5_SbESD7RRnnJFz5mPt0i0Q2DdjNO6xez0pv7_t2NqmiFG4O-awweWK477zCUZNAnWNQQs6n5SIHJixviUATyLfrIfxYhI5QjfWKY6FAvU/s1600/imagesCAIEWC9F.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400px" i$="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwRTTinRcUGOMH_oFajR1uzp-rA1Z7gWFSy5_SbESD7RRnnJFz5mPt0i0Q2DdjNO6xez0pv7_t2NqmiFG4O-awweWK477zCUZNAnWNQQs6n5SIHJixviUATyLfrIfxYhI5QjfWKY6FAvU/s400/imagesCAIEWC9F.jpg" width="400px" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><strong>* “Ela passou a mão pela pequena caixa vermelha e sorriu” (dez possibilidades de continuação). *</strong></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Ela passou a mão pela pequena caixa vermelha e sorriu. Cuidadosamente, abriu o pequeno bilhete que acompanhava esta misteriosa encomenda, numa caligrafia meticulosamente desenhada lia-se: “Terás de esperar até à meia-noite de amanhã para abrir, sê paciente, a espera vai valer a pena”. Cláudia resistiu ao impulso, colocou a caixa no parapeito da janela e afastou-se, tentando não pensar muito no assunto, de forma a atenuar a ansiedade.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><br />
</div><span style="font-family: Calibri;"><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Caiu a noite, e Cláudia acabou por adormecer. A noite foi agitada, sonhando com as inúmeras coisas que podiam estar dentro da pequena caixa. Tocou o despertador, Cláudia arranjou-se e saiu de casa para ir trabalhar. À medida que seguia pelas pedras da calçada, pairava-lhe sobre a cabeça uma nuvem de pensamentos. Deparou-se com uma montra do seu lado direito e instantaneamente, o seu olhar encheu-se de lágrimas. O relógio de corda do marido que falecera na Marinha há poucos dias… Tentando não se deixar assombrar pela tristeza que a fazia contorcer-se por dentro, prosseguiu o caminho. Ao chegar ao escritório, sentou-se diante do computador e, ao ver no reflexo do monitor as rugas que surgiam com pezinhos de lã, outra hipotética realidade tornou-se clara: A fotografia da antiga casa dos avós, em Trás-os-Montes, onde ao fundo estava deitado Minhoto, o cão, seu companheiro de infância.</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-indent: 35.4pt;">Era tempo de regressar a casa, passou pelo quiosque para comprar o jornal da semana, quando reparou num pequeno folheto para grávidas… A roca de prata que lhe havia sido prometida para o bebé que nunca chegou a nascer.</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Ou Podia ser a boneca de trapos que lhe dera o irmão antes, muito antes, daquela enorme discussão que os separara até hoje. Podia também ser a chave do diário da mãe, finalmente poderia conhecer quem foi a mulher que esteve presente apenas nos mais tenros anos da sua vida. Quiçá os seus sapatos de noiva, com que brincava ao faz-de-conta. Talvez fosse a roca da avó materna, onde passou as últimas horas, a fiar. Ou o que resta do velho gira-discos do padrinho, onde ouvia a canção de embalar. Podia ainda ser o antigo violino da tetra-avó, ou mesmo o tão característico cachimbo que fumegava debaixo do bigode grisalho do pai…</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Eram tantas as hipóteses, e todas traziam memórias que relembravam Cláudia de olhar para a vida com outro sabor, tantas as emoções que podia fazer regressar uma simples caixa vermelha numa frágil vida de veludo…</div><div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"></div></span>Heterónimos de Inêshttp://www.blogger.com/profile/16807943364701020092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6838581068995695885.post-91465229312152148472011-06-24T14:58:00.000-07:002011-06-24T14:58:35.089-07:007º Campeonato Nacional de Escrita Criativa - 8ª Jornada: "Espírito Assimétrico"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKd2nc0xoCiMcY-4b-oxSWvBTxFwgHk42-BP8_SjUN8YLrgJ8fTVTom2cHSaYkFodSbxt_nQpMxSnwrSF4x_sV4t8zBD0qyp1FDKl3ULeL-41zRX6OaAenrlAEjI6r3nAv4q9glwvbFhk/s1600/22457-sealed%252520lips.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320px" i$="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKd2nc0xoCiMcY-4b-oxSWvBTxFwgHk42-BP8_SjUN8YLrgJ8fTVTom2cHSaYkFodSbxt_nQpMxSnwrSF4x_sV4t8zBD0qyp1FDKl3ULeL-41zRX6OaAenrlAEjI6r3nAv4q9glwvbFhk/s320/22457-sealed%252520lips.jpg" width="244px" /></a></div><br />
<br />
<strong>*Escreva uma história que avance somente através do diálogo. Nada mais: nem narração, nem descrição. Nada.*</strong><br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Mas que… o que aconteceu ao carro?</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Cala-te! Perdeste a cabeça? Se continuas com essa barulheira ainda te dão mais uma injecção daquelas e, aí sim, é a morte do artista!</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Hã? Quem está aí? Aparece! Não é altura para brincadeirinhas. Importas-te de me dizer que raio de sítio é este? O que é que fizeram ao meu carro? Está quase na hora! Tenho de ir!</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Sempre foste um bocado tapado, realmente, mas tanto… já olhaste bem à tua volta?</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- À direita uma mulher, do outro lado um velhote… estão tão pálidos!</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Ó meu lerdo acorda para a vida! Não vês que estão mortos?</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- O quê? Vida? Mortos? Mas o que é que estou aqui a fazer?</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Olha, talvez pelo teorema de Pitágoras… ora sexta-feira, bananas, noves fora nada: Estás morto, Einstein!</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Como? Não estou a achar piada nenhuma! Mas que raio é que me havia de calhar agora… deixa-me em paz e tira-me daqui que tenho de ir para a reunião, faltam 5 minutos!</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Pois faltam, realmente faltam 5 minutos, há 3 dias atrás!</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Já chega porra! Estás a começar a irritar-me a sério! Aparece estupor antes que te parta a boca toda!</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Essa é boa, muito boa. Tu? Partires-me a boca toda? Impossível! Primeiro porque nem te consegues mexer, segundo, mesmo sendo tão estúpido, não chegas ao ponto de te auto mutilares.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Ó palhaço, já que te achas tão inteligente porque é que não dás a cara de vez? Assim pode ser que te cuspa em cima e te deixes de gracinhas! Tira-me daqui caralho!</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- A sério que devias ser comediante… e depois o palhaço sou eu! Não percebeste ainda que eu sou tu e tu és eu? Só que tu és a metade morta e eu sou a metade viva, por isso é que ainda não chegaste ao sítio cheio de unicórnios e arco-íris a que chamas céu, princesa!</span></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Ok, feitas as apresentações, como é que saímos daqui ó engraçadinho?</span></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Amigo, lamento desiludir-te, mas daqui só sais para a cova! Aproveita mas é as últimas horinhas enquanto podes e estica as pernas que algo me diz que lá em baixo vamos ficar um bocadinho ferrugentos.</span></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Vem aí o cangalheiro! Últimas palavras?</span></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Tempo para conversar é o que não nos vai faltar lá em baixo…</span></div>Heterónimos de Inêshttp://www.blogger.com/profile/16807943364701020092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6838581068995695885.post-38124360774105466662011-06-18T01:04:00.000-07:002011-06-24T04:21:21.978-07:007º Campeonato Nacional de Escrita Criativa - 7ª Jornada: "Fim da linha"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXvAkwLcrFK7KSPc7TEAytYjJz6fa9m00AnEC_u5gk71A7HWM6FDcRL1IPnCLhwcxoLofrFgD_HPl3YOtothlUobkiBoiI78YvEqU9tuC93LDQuXYBvyshx9jvfUeOXbNnqQdhVY0ZOO8/s1600/imagesCA9K01HN.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="280px" i$="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXvAkwLcrFK7KSPc7TEAytYjJz6fa9m00AnEC_u5gk71A7HWM6FDcRL1IPnCLhwcxoLofrFgD_HPl3YOtothlUobkiBoiI78YvEqU9tuC93LDQuXYBvyshx9jvfUeOXbNnqQdhVY0ZOO8/s400/imagesCA9K01HN.jpg" width="400px" /></a></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;"></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;"></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;"></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;"><b><span style="font-family: 'Times New Roman','serif';">* Um passageiro da primeira classe de um avião resolve despir-se e ficar completamente nu. O que acontece de seguida? *</span></b></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;"></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;"></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman','serif';"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Um enorme desejo de ver cair no chão estilhaços do espelho que me mostra a imagem daquilo que não sou: foi como tudo começou. Uma viagem de negócios... palavras mais que usadas, sujas e manchadas como nódoas de vinho e de batom no colarinho branco. Pensava que eu era fiel… enganei-a, mas enganei-me a mim mesmo também, na esperança de dissuadir a própria mente, tantas vezes reneguei aquilo que era que acabei por aceitá-lo como sendo a mais pura das mentiras. A barba áspera do professor de germânicas e aquele olhar baço por detrás dos óculos nunca abandonou o meu pensamento. Deixei-lhe o bilhete na mesa da cozinha: é a despedida.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Tarado, porco! Sempre soubeste, sempre fizeste questão de dar aso secretamente a esse lado sujo! Primeiro o rapaz do ginásio… miserável! Eras capaz de te levar a pontos de exaustão só para ficares a vê-lo pingar as gotas salgadas de suor para a toalha branca! Depois o bibliotecário… o quanto testemunharam as páginas amarelecidas da colecção dos livros da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">DeAgostini</i>, que todos os sábados ias pedir à biblioteca, como pretexto para mais uma e outra vez te deleitares com aquela placa dourada na lapela e o cabelo grisalho meticulosamente penteado para trás, mudas testemunhas da tua perdição.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">Não aguentei mais olhar para o meu próprio reflexo, era o fim da linha. Uma viagem para Bruxelas: a oportunidade perfeita. Podia sentir o ódio pulsar nas veias, as entranhas ardiam, uma espuma azeda nos cantos da boca e vontade de arrancar todos os cabelos um por um. Embarquei, seria a última vez que pisava terra firme. No avião, as horas passavam arrastando-se pesadamente. Um copo de whisky atrás de outro, começavam a sortir efeito. </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">Finalmente, despi o preconceito à medida que tirava cada camada de roupa, ficando à vista o trapo reprimido que era, deixando-me levar na embriaguez. Atónitos, alguns dos passageiros olhavam fixamente, outros desviavam o olhar. Fui directo ao<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> cockpit</i>, desprovido de qualquer remorso pelo que fazia: por fim, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">eu mesmo</i>. O piloto gemia ajoelhado no chão sem qualquer hipótese de fuga, amordaçado pela minha própria mão, dedos gravados com impressões digitais que agora sentia me pertencerem. Aterrorizado com o que via, o co-piloto não fazia se não obedecer à voz enrouquecida por gemidos da minha insanidade. Com lágrimas nos olhos, contorcendo-se por dentro, seguiu em frente. Despenhámo-nos. Tudo o que resta é o verdadeiro e repugnante <i style="mso-bidi-font-style: normal;">eu</i> gritando “liberdade”.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
<strong>(48 pontos em 60)</strong></div></div>Heterónimos de Inêshttp://www.blogger.com/profile/16807943364701020092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6838581068995695885.post-26122768672059112022011-06-10T15:30:00.000-07:002011-06-11T02:01:50.940-07:007º Campeonato Nacional de Escrita Criativa - 6ª Jornada: "As garras do Consu Mismo"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijGLLUjL-4QodYzO0m21hB0gkwfRgdpeufKcOZIU7lcXYfL3sPHdpLXPfaRQC0W55XX0sKaBZrybox9LG7sZBSgMHLVU2rdBEIBDe2kcORxMFp27Ao7MRECJ40LJAIpZ083mdG4WpkEFA/s1600/imagesCA419L8I.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijGLLUjL-4QodYzO0m21hB0gkwfRgdpeufKcOZIU7lcXYfL3sPHdpLXPfaRQC0W55XX0sKaBZrybox9LG7sZBSgMHLVU2rdBEIBDe2kcORxMFp27Ao7MRECJ40LJAIpZ083mdG4WpkEFA/s1600/imagesCA419L8I.jpg" t8="true" /></a></div><div></div><div></div><div></div><div><strong>*Escreva uma história em que a fala “– Sabes que mais é que as crianças não sabem?” esteja, algures, presente.*</strong></div><div></div><div></div><div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Oxalá fosse apenas mais uma história, uma encruzilhada de palavras balbuciadas sem destino, por bocas de alguém que passa despercebido pela sombra dos olhos sedentos do mundo. Antes fosse um simples labirinto de letras rumo a perdermo-nos nos sentidos, correndo incessantemente o olhar pelas linhas, lutando contra o passar do tempo que nos flui entre os dedos ao folhearmos aquele estranho objecto que parece envolto numa aura de mistério: livro.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Porém, não é essa a razão pela qual me sento na velha cadeira de baloiço onde outrora vos contava histórias, sentados no meu joelho, maravilhados com cada volta que dá o desenho de uma simples letra manuscrita, e me tremem as mãos e me escorrem lágrimas pelos socalcos de uma face inóspita, onde murchas estão as rosas com espinhos – regadas por tristeza, alimentadas à luz do desespero – onde se encontram gravadas as marcas da enxada: cruel e impiedosa, com que lavraram sem dó as garras da tristeza.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Hoje sinto-me apenas eu, um eu que, se pudesse, se deixava absorver pelo papel com vergonha de si mesmo. Um eu de letra tremida, insegura como este eu que escreve, hoje sinto-me uma folha amarrotada a arder envolto nas chamas desta fogueira de cinza negra que alimenta o riso maléfico e frio do meu velho inimigo: Consu Mismo. </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Como pude deixar que o mundo chegasse onde está hoje? Felizes na correria banal do dia-a-dia sem sequer se aperceber da alegria sintética pela qual se deixam envolver. Onde o dinheiro, a luxúria, a ilusão de serem donos da própria vida alimenta sorrisos fabricados em série, dando lugar à verdadeira essência do ser.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>E hoje escrevo-te a ti, entidade sem nome que me manténs olhando de frente para a vida. Chamam-me Deus, mas hoje sou apenas um minúsculo eu. Falhei, deixei-os cair em tentação. Mas como podia eu evitá-lo se tudo o que o vêem são imagens psicadélicas que lhes cegam o que neles há de mais puro e natural? O Consu Mismo impregnou-se nas suas vidas e tudo a que dão ouvidos é produto marcado pela vileza do seu olhar.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Sabes que mais é que as crianças não sabem? As crianças e os adultos, a humanidade há muito se esqueceu do valor das palavras, dos sorrisos, dos olhares sinceros. À humanidade falta a essência das histórias que contava, na velha cadeira, a pulsar nas veias, quando a brancura da minha barba era ainda imaginação.</span></div></div></div>Heterónimos de Inêshttp://www.blogger.com/profile/16807943364701020092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6838581068995695885.post-28847345425925783652011-06-03T11:22:00.000-07:002011-06-09T10:55:45.225-07:007º Campeonato Nacional de Escrita Criativa - 5º Jornada "Um pedaço em branco na linha da vida"<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgN_m1N32qlRHUtESYRsUVdjUQSR6P9t6kSlKqwi29cWI_eqET0aydqvUInzbxEtAJGSG3oVVe_g3PSi0sNiVKqy2dWRwWVY4y6-16qnvwhwiuNyIYssaUxixoFj5jEOxwy20LJ8x_Ocxo/s1600/imagesCA5DIVA3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgN_m1N32qlRHUtESYRsUVdjUQSR6P9t6kSlKqwi29cWI_eqET0aydqvUInzbxEtAJGSG3oVVe_g3PSi0sNiVKqy2dWRwWVY4y6-16qnvwhwiuNyIYssaUxixoFj5jEOxwy20LJ8x_Ocxo/s1600/imagesCA5DIVA3.jpg" t8="true" /></a></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;"><strong>* <b>Um pai está, desesperado, a procurar o seu filho entre os destroços de um avião acabado de cair. Prossiga a história. *</b></strong></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">As minhas mãos calejadas contra a barba escondem as lágrimas… escorre-me sangue que nem sinto… é agudo o som da dor, mas nem o ouço… não vejo… grito mas nem o som me sai dos pulmões, que parecem estar vazios e insistem em permanecer assim… o tempo parece passar em câmara lenta… as luzes azuis e vermelhas passam-me pelo olhar embaciado e ofuscam-me a realidade que parece estremecer sinto algo ou talvez alguém tocar-me… e continuo a ver manchas pairar… Não! Não! – Estão a levar-me para longe… acho que estou deitado, a entrar para algo em tons de branco desmaiado – Não me levem! David! Não! David! Ninguém me ouve… David, onde estás? Filho…</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">Não me lembro de nada… o que aconteceu? Sons agudos de uma máquina a apitar num ritmo ensurdecedor da alma… Quem é esta gente? Uma jovem de cabelos loiros parece falar comigo… mas não ouço…</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">- O meu filho!</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">No entanto ninguém me parece compreender… algo estranho vem em direcção a mim… tudo parece começar a rodar à minha volta… - Parem! Esperem! Ouçam… - sinto que vou desmaiar…</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">Vejo uma silhueta escura ao longe, parece aproximar-se… </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">- David? Pensei que te tinha perdido… procurei por ti, gritei mas não obtive resposta e depois as luzes e tudo tremia e levaram-me para um sítio branco… eu disse para não me levarem sem ti, mas ninguém ouvia… juro que não te quis abandonar, juro! Perdoas-me?</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">Abraças-me… as lágrimas caem-me pelo rosto… passo a mão pelas tuas costas, mas não te consigo sentir… De súbito tudo desaparece numa névoa imensa... uma confusão de fios e apitos de máquinas estridentes instalou-se à minha volta…</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">- David?</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Uma enfermeira vem… olha-me nos olhos… será que entende o que estou a dizer? Entrega-me um papel, e eu pego na caneta na mão que sinto ser de outra pessoa… não me obedece, não a consigo controlar, mas a muito custo escrevo…</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">Neste momento encontro-me também a escrever… agora na minha velha secretária… a relembrar estes momentos em que tinha noção do meu corpo visto de fora… chegas ao pé de mim muito sorrateiro… posso não te ouvir, mas sinto as rodas da cadeira a rodar para junto de mim… e, como se lêssemos o pensamento um do outro, ambos olhamos para a parede… Pendurado está o papel, em que, numa letra contorcida pela linha sinuosa que desenha a vida, escrevi: “DAVID”…</span><br />
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<strong><span style="font-family: Calibri;">(49 pontos em 60)</span></strong></div></div>Heterónimos de Inêshttp://www.blogger.com/profile/16807943364701020092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6838581068995695885.post-29352713214897959462011-05-28T04:09:00.000-07:002011-06-01T08:51:04.929-07:007º Campeonato Nacional de Escrita Criativa - 4ª Jornada: "Flor-Camila"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjouYOTPwwibCxN_vjQN-xqP1gNXYDEfYAsAN33gzu9XdnFq9cYzpY5rDzGckH-GNH-iC_VpG3SEA0OWu4kg8D0giEraT3w0S1dqVKtGrhWc4aOz5ptuPtgfScmAe1m6YwUYzBU6Yhuj-o/s1600/sarah-mclachlan_Jqps9ZdMxs0.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="147px" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjouYOTPwwibCxN_vjQN-xqP1gNXYDEfYAsAN33gzu9XdnFq9cYzpY5rDzGckH-GNH-iC_VpG3SEA0OWu4kg8D0giEraT3w0S1dqVKtGrhWc4aOz5ptuPtgfScmAe1m6YwUYzBU6Yhuj-o/s320/sarah-mclachlan_Jqps9ZdMxs0.jpg" t8="true" width="320px" /></a></div><br />
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<div class="ecxMsoNormal"><strong>*Escreva uma história que anule completamente o velho provérbio: “quem te avisa, teu amigo é”.*</strong></div><div class="ecxMsoNormal"><br />
</div><div class="ecxMsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">Ela tinha-te avisado… mais que uma amiga, mais do que uma filha, o brilho da tua vida… e tu, pensando tratar-se de mais um insignificante capricho das fases de miúda, ignoraste… não ouviste e deixaste que mais uma vez, sub-repticiamente, a onda de preocupações e “correrias” típicas da vida adulta te envolvesse, abafando os seus últimos avisos que ouvias em surdina e te passavam ao lado…</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">Camila passava os dias olhando a imensidão do nada, como quem queria absorver todas as partículas, todas as moléculas e átomos do mundo que a rodeava… ela deixou-te tantas pistas! Tantos trilhos que ignoraste… que podiam ter evitado um fim para um princípio ainda pintado de fresco… Agora a culpa bate-te à porta e tu, verme fraco, deixa-la entrar, na esperança que preencha a sombra de Camila… não… a culpa pode fazer-te companhia todo o tempo, todo o espaço, todo o momento do resto da tua amarga vida, mas o brilho de Camila, esse, nunca o terás novamente…</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">Agora a onda que te envolve é outra… bem sei, mesmo que penses que consegues esconder, que vês e revês as poucas memórias que tens em que estavas com ela verdadeiramente… Lembras-te daquela manhã? Camila caminhou para o teu quarto de pijama e chinelos, enroscou-se ao teu lado e sussurrou-te ao ouvido: “Pai, sabes qual é a lição mais valiosa que alguém pode aprender? …Viver cada dia como se fosse o último.”. E tu, ainda meio ensonado, pouco ou nada ligaste… esqueceste ou nem sequer chegaste a lembrar… Mas poucos dias faltavam… Chegaste a casa, distraído com a papelada do costume, um telefonema do chefe, um e-mail,… de súbito sentiste um arrepio na espinha que te despertou a atenção, pela primeira vez reparaste como tinha crescido a planta junto às escadas… subiste… nem sinal de Camila… ouviste barulho de água a correr e abriste a porta da casa de banho… foi então que ouviste o som da dor… Camila já havia chegado ao destino que sempre quis… os longos cabelos negros flutuavam na banheira… usava o vestido que lhe tinhas oferecido há uns anos…</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">No espelho embaciado lia-se “1990-2006… Adeus” …</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">A planta murchou passados uns dias… e regaste-a com as tuas lágrimas salgadas… decidiste dar-lhe o nome de Camila… as flores brancas da cor do vestido parecem diferentes e a cada primavera tens esperança de ver renascer a mais bela flor…</span></div><div class="ecxMsoNormal"><br />
<strong>(48 pontos em 60)</strong></div>Heterónimos de Inêshttp://www.blogger.com/profile/16807943364701020092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6838581068995695885.post-41814009485103050622011-05-20T14:31:00.000-07:002011-05-28T04:02:04.017-07:007º Campeonato Nacional de Escrita Criativa - 3ª Jornada: "Rodopios da Vida"<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYcZtcfVd_iy9cG9V6N1yapma4wqwUiX0ocQ1SD_ZcoIThsMwaBbkeozInhW0hxO-NUFF2sqQUUKANewXvHJ7lJxZotqM9jf6jSCBRVbH8QhyphenhyphenCXjWN70E0b5DrCaD0buYo4MStabtOJAs/s1600/tango.bmp" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" j8="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYcZtcfVd_iy9cG9V6N1yapma4wqwUiX0ocQ1SD_ZcoIThsMwaBbkeozInhW0hxO-NUFF2sqQUUKANewXvHJ7lJxZotqM9jf6jSCBRVbH8QhyphenhyphenCXjWN70E0b5DrCaD0buYo4MStabtOJAs/s1600/tango.bmp" /></a></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
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<div class="ecxMsoNormal"><strong>*Um homem esbarra contra uma antiga namorada. Ao seu lado está a sua actual mulher, grávida, e duas filhas pequenas. E ele sempre dissera à sua ex que não era o tipo de homem que iria casar e ter filhos. O que acontecerá?*</strong></div><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">Passeava na rua, sentindo as pedras da calçada à medida que os pensamentos me levavam a um destino mais distante… pouco a pouco, a voz das miúdas foi ficando mais e mais baixa… deixei de sentir a mão da minha mulher que caminhava a meu lado, comecei a ouvir a voz da mente que pintava aos poucos manchas de um doce som – o dia tinha sido brindado por um Sol sorridente e eu aproveitava fazendo uma visita ao lugar onde o meu eu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">existe</i> em liberdade. E a doce melodia transportava-me para um estado pleno que me enchia o peito de emoções.</span></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">De súbito, tudo desvaneceu, apagaram-se as manchas e calou-se o som num silêncio mudo que me ensurdeceu os sentidos. Atónito, deparo-me, numa realidade ainda difusa, com a minha ex-namorada… ou seria outra memória onde continuava a viajar? Num esforço por tornar à realidade recta, balbuciei o que a mim que soou a um bando de sons primitivos incompreensíveis, mas que no entanto obtiveram resposta… E conversámos e saboreámos o som das palavras e imaginámos como seria a vida com todos os “ses” transformados em “sims” e em “nãos”… e apercebemo-nos daquilo que mudou e do que permaneceu e do que o vento levou e das marcas que deixámos um ao outro. Em pouco tempo de conversa viajámos ao passado e ao futuro intermitente e relembrámos momentos e histórias e mergulhámos em memórias sem sequer nos apercebermos… E olhámos de relance para as danças envoltas na poeira do passado… Sim, conhecê-la foi uma dança… E aprendi com ela a ver a vida como um misto de compassos artísticos…</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">E realmente num espaço de poucos anos, ao ritmo de um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">quickstep </i>com um cheirinho a tango, tudo tinha mudado, conheci a Mafalda em rodopios da vida, mordi a rosa vermelha num tom de sedução e entre passos a dois dançámos o tango do amor. Despertou nela o desejo de ser olhada por olhos de uma criança, e a partir daí as danças foram outras: Nasceu a Sofia há 7 anos, lembro-me como se fosse ontem… Dois anos mais tarde, o desejo voltou a bater à porta… nove meses de compasso e veio ao mundo a Raquel… Este ano, em Fevereiro quisemos dançar o tango mais uma vez, vem a caminho o Guilherme.</span></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">O palco da vida encarregou-se de mudar de bailarinos, mas eterna será sempre a memória dos nossos aplausos…</span><br />
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<br />
<br />
<br />
<span style="font-family: Calibri;"><strong>(48 pontos em 60)</strong></span></div>Heterónimos de Inêshttp://www.blogger.com/profile/16807943364701020092noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6838581068995695885.post-5072284972680099452011-05-18T11:45:00.000-07:002011-05-18T11:48:03.341-07:007º Campeonato Nacional de Escrita Criativa: 2ª Jornada "Vacina da Felicidade"<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;"> </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCZTqwHB3DZpKHdJTB4UlaAWkkJvoWqn0t3X5W86P2u-bi3hzGobpZMXKVMod9DniJQlWgcPwOJ6q8Fslk5b9N4iuHW0ueFljazVXRh_XO93r6BLfP6uRr8IYSyUIvVi7nM-ao4BH9Qws/s1600/vacina1_42517.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213px" j8="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCZTqwHB3DZpKHdJTB4UlaAWkkJvoWqn0t3X5W86P2u-bi3hzGobpZMXKVMod9DniJQlWgcPwOJ6q8Fslk5b9N4iuHW0ueFljazVXRh_XO93r6BLfP6uRr8IYSyUIvVi7nM-ao4BH9Qws/s320/vacina1_42517.jpg" width="320px" /></a></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;"><strong>* Desafio desta jornada: <b>"Se pudesse inventar alguma coisa para ajudar a Humanidade, o que seria?"*</b></strong></span> </div><div class="ecxMsoNormal"></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;"> À medida que procurava no velho baú pedaços de emoções perdidas na infância, respirava fundo e ouvia o bater do coração numa enorme ansiedade… As cartas da tetra-avó, de um papel amarelado, puídas pelo tempo estavam cobertas de pó, deixadas ali, ao abandono dos anos, sem um raio de luz do Sol… de dentro do baú vinha um estranho cheiro de um tempo remoto… seria o perfume dela? No fundo, uma pequena fotografia de uma menina com pouco mais de cinco anos que chorava. No verso estava escrito: “2011 – Vacina da Felicidade. A picada da agulha foi a última dor que senti…”</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O que seria a dor? O assunto inquietou-me durante vários dias, passando-me pela mente vezes sem conta… seria a falta desse tipo de sensações que nos provocava esta enorme paixão pelo passado cá dentro?</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Após muito pesquisar sobre este ano tão longínquo, descobri que em 2011 foi inventada por uma mulher portuguesa, de seu nome Inês Marto, uma vacina que nos fazia esquecer tudo o que existe de mau no mundo… “A vacina contém substâncias que permitem manipular os neurónios de forma a apagar da memória cerebral todos os «sentimentos negros», eliminando a capacidade de os voltar a sentir. De forma a melhorar a qualidade de vida da humanidade, foi, a 27 de Julho de 2011, instituída uma lei mundial que torna obrigatória a vacinação de todas as crianças, jovens, adultos e idosos e de todos os bebés de gerações vindouras, assim, da humanidade eliminar-se-ão sentimentos de dor, angústia, tristeza, saudade e todos os sentimentos classificados como negativos.”. Deve ser por isso que quase ninguém sabe o porquê, nos dias de hoje… se a picada da vacina transmitia dor, sendo a dor um sentimento negativo, foi apagado da nossa mente.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Mas porque seria que chorava se sentia a dor da vacina no momento da fotografia? Afinal se dor é um sentimento negativo, não devia chorar… Não seriam também, naquele tempo, as lágrimas sinónimas de alegria e entusiasmo?</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Que seres tão diferentes somos nós, separados pela poeira dos dias, dos meses, dos anos… gostava de ter vivido no tempo em que viveste ainda que por breves Invernos… de ter conhecido na inocência de criança os dois lados da vida: o colorido, é certo, mas também o cinzento, para saber dar valor à cor…</span><br />
<br />
<br />
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<br />
<br />
<span style="font-family: Calibri;"><strong>(47 pontos em 60)</strong></span></div>Heterónimos de Inêshttp://www.blogger.com/profile/16807943364701020092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6838581068995695885.post-74498846690669785692011-05-07T03:28:00.000-07:002011-05-28T03:59:52.589-07:007º Campeonato Nacional de Escrita Criativa - 1ª Jornada: "Porquê Teresa?"<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXKpqVzcnDucb_JVLj7OUvdUQ5zId-ENN5Aij3GyjJ5C-GDPX1RfupbpzeymXKuzl_zuTBOvEDw95N3baySvi4sJQNQWgIqmxf5HaFYU5eZS2zbelvRwrLyUjlZSp56CjsNEhkYSMiYCw/s1600/untitled.bmp" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" j8="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXKpqVzcnDucb_JVLj7OUvdUQ5zId-ENN5Aij3GyjJ5C-GDPX1RfupbpzeymXKuzl_zuTBOvEDw95N3baySvi4sJQNQWgIqmxf5HaFYU5eZS2zbelvRwrLyUjlZSp56CjsNEhkYSMiYCw/s1600/untitled.bmp" /></a></div><br />
<br />
<strong>Desafio: Vista a pele de um velho carro que acabou de ser pintado de novo. O que sente ele?</strong><br />
<strong></strong></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">Porquê Teresa?</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">Porque é que com a cobardia de quem tem medo e com a coragem para rasgar em pedaços tudo que tivemos, me deixaste só?</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">Porquê Teresa?</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">Foi por estar presente nos momentos desumanos que viveste? Foi por conhecer de cor cada palmo desse teu instinto de animal?</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">Bem me lembro de todos os homens que levavas para o banco de trás, no antigo campo de trigo abandonado onde estávamos parados, o teu refúgio para saciar essa sede de loucura…</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">Não penses que pela mágoa que me causas por todos estes anos de abandono, consigo esquecer todos esses devaneios, esses momentos em que deixavas escapar cá para fora o fogo interior que te queimava a alma e te entregavas ao desejo…</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">… Não Teresa!</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">Em todos estes anos que vivi na solidão, na velha sucata abandonada onde me deixaste sem um pingo de tristeza, vi pessoas a passar na estrada em frente… netos, avós, mães, pais, filhos, mendigos, prostitutas e senhores de colarinho e nariz empinado… arrepios? Porquê, Teresa? São todos, todos eles, mais dignos que tu!</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">Ninguém conseguiria cometer tamanha atrocidade como a que foste capaz! E cometer o mesmo erro tantas vezes sem fim? Pergunto-me como é que ainda tinhas coragem de te olhar ao espelho… devias ter vergonha, Teresa! Com esse teu ar de inocência levar homens a cair nas garras da tua insanidade e devorar-lhes a alma… homens com família, com emprego, com vida… alimentavas esse prazer demoníaco e depois, para que não restasse indício, enterrava-los no velho campo de trigo.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">Porquê Teresa?</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">Tinhas filhos e marido, é certo que podiam não ser a família com que sempre sonhaste, mas será que não se perguntavam onde estarias nessas longas horas que batiam num compasso de loucura? Será que não te apoiariam nessa doença que te destrói por dentro? Mas não… preferiste ouvir essa voz tentadora que só tu ouvias, em vez de lutar, Teresa… pobre e fraca Teresa… E agora estás só… e mandaste que me pintassem de novo e que me arranjassem para não ser descoberta a ilha da perdição desse verme que és tu… Mas ainda estão cá dentro as marcas que me deixaste, Teresa, e não descansarei enquanto não revelar as cicatrizes que me deixaste na mente.</span></div><span style="font-family: 'Calibri','sans-serif'; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Pensas vir buscar-me em breve agora que sou outro? Pois não te quero, doce Teresa!</span><br />
<br />
<br />
<br />
<strong><span style="font-family: Calibri;">(48 pontos em 60)</span></strong>Heterónimos de Inêshttp://www.blogger.com/profile/16807943364701020092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6838581068995695885.post-912499587559835222011-02-24T11:35:00.000-08:002011-04-21T14:06:00.580-07:00GARRAS AFIADAS DA PAIXÃO - CARLOS VIEIRA (9º)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizfhnvFJDknLE7NRtR8CJYhWPhH3aUgyh-IdNbCRy83HrI_Gs68ok-c4N-X8X68GlchRTMPKBIAYpu3E9_i74OTjjV5PLNyDl0lleOClD9FkWhT7Vyl0NWIHIWnBCZzS9PuErYgUjZ178/s1600/cora%2525C3%2525A7%2525C3%2525A3o%252Bpreto%252Bem%252Bbranco.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" i8="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizfhnvFJDknLE7NRtR8CJYhWPhH3aUgyh-IdNbCRy83HrI_Gs68ok-c4N-X8X68GlchRTMPKBIAYpu3E9_i74OTjjV5PLNyDl0lleOClD9FkWhT7Vyl0NWIHIWnBCZzS9PuErYgUjZ178/s1600/cora%2525C3%2525A7%2525C3%2525A3o%252Bpreto%252Bem%252Bbranco.jpg" /></a></div><div> </div><div> </div><div> </div>É reflexo do teu rosto<br />
Este sentimento que me causas de tristeza e desgosto<br />
É o infinito dos teus olhos que me ecoa na mente<br />
Que me deixa o coração a bater desesperado, descontente.<br />
<br />
<br />
É raiva, é dor, é este imenso ardor,<br />
São as garras afiadas que me cravas,<br />
Enjaulada no meu peito<br />
E, pouco a pouco, trespassas sonhos que tive em meu leito<br />
E rasgas sentimentos em pedaços de céu caídos<br />
E nas lágrimas de sangue estão teus olhos destruídos.<br />
Sentindo-me assim despedaçado,<br />
Quero gritar súplicas deste coração apaixonado<br />
E as lágrimas me caem desamparadas no podre chão pisado.<br />
E em leves murmúrios de gritos por ti abafados<br />
Estão sentimentos que fogem a correr desenfreados<br />
E olhares por ti tapados<br />
E cantos amordaçados<br />
E corações e almas com fortes nós a teu peito amarrados.<br />
<br />
<br />
E luto, e luto, e luto em vão,<br />
Quero quebrar as grades e sair desta prisão,<br />
Quero ser livre de gritar tormentos,<br />
Quero destapar meus olhos e rever velhos momentos,<br />
E num último murmúrio solto um rugido animal,<br />
Resisto por um segundo a esta paixão carnal<br />
E do mais profundo beco de toda esta paixão<br />
Te grito da minha alma<br />
Pára de cravar as garras neste pobre coração!<br />
<br />
<br />
<div align="right">Carlos Vieira</div>Heterónimos de Inêshttp://www.blogger.com/profile/16807943364701020092noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6838581068995695885.post-41171499674255071422011-01-19T11:41:00.000-08:002011-04-21T14:02:53.110-07:00ESTILHAÇOS - CARLOS VIEIRA (8º)<div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7FuvqmiBjd6xnWAD8ouai4q9VWQH7cn8JV7CGQujASpMrYBXnCrodzAerYot-SvdFafp-N-iMdDZWqiBKoKlmWCYY7_qp0nzSZqLtCyrPVfDAhF4loqHfBRdQjDV5NKHM5ufsTtBWyoI/s1600/Loneliness_by_wavesofsweetfire.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320px" i8="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7FuvqmiBjd6xnWAD8ouai4q9VWQH7cn8JV7CGQujASpMrYBXnCrodzAerYot-SvdFafp-N-iMdDZWqiBKoKlmWCYY7_qp0nzSZqLtCyrPVfDAhF4loqHfBRdQjDV5NKHM5ufsTtBWyoI/s320/Loneliness_by_wavesofsweetfire.jpg" width="299px" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div>Escrevo... refugio-me deste mundo que me rasga a alma em pedaços de silêncio profundo... escrevo esqueço-me do caminho amargo pelas pedras de calçada, nas ruas da solidão... escrevo... desabafo cada gota de sangue caída no chão... cada marca de cada ferida... das garras da vida cravadas no meu fraco coração...<br />
<br />
</div><div></div><div>Sinto-me um trapo, deitado mo chão, amarrotado... meu coração um farrapo... contorcido, esquecido no peito, ancorado...<br />
<br />
</div><div></div><div>Minha alma quer gritar bem alto rugidos de raiva e de dor... tenta em vão ser ouvida neste imenso mar sem cor... e saem fracos murmúrios... leves... sussurrados, suprimidos, estilhaçados... fracos pedaços de alma soltos a voar no brilho de olhos cansados... perdidos... ignorados...<br />
<br />
</div><div></div><div>Pedaços de alma voam... fracos... sem brilho... até que caem nas tábuas podres desta vida, embatem no chão com toda a força, num último esforço, em vão, de se fazer ouvir... quebram-se em mil pedaços, no chão da vida os estilhaços da minha alma a ruir... e vão caindo... devagar... devagarinho... como bate o coração... sem esperanças... sem forças... lentamente se desgasta... devagar... devagarinho... deixo-me cair no chão... amargos suspiros frios... estilhaços que a vida arrasta...</div><div></div><div></div><div align="right"><br />
<br />
<br />
<br />
Carlos Vieira</div>Heterónimos de Inêshttp://www.blogger.com/profile/16807943364701020092noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6838581068995695885.post-73059709003533006982010-12-22T14:41:00.000-08:002011-04-21T14:01:48.628-07:00CAVALGADA DE ESTRELAS - CARLOS VIEIRA (7º)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjI07ZZYuTlH1-HBx9Q1JJ1YN2uGeiSIBXmnNwTu8hWv1ROS92pMqRSBwbBdnkRNvd9y2hVnyg8cOcdzIMAhzItog26jhMTKSh3XYwLVbUcZcGovAblMyIOyVWPFJaHSn9SjAelQOHDDL0/s1600/997827.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240px" i8="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjI07ZZYuTlH1-HBx9Q1JJ1YN2uGeiSIBXmnNwTu8hWv1ROS92pMqRSBwbBdnkRNvd9y2hVnyg8cOcdzIMAhzItog26jhMTKSh3XYwLVbUcZcGovAblMyIOyVWPFJaHSn9SjAelQOHDDL0/s320/997827.jpg" width="320px" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div>Olhei-me no espelho e vi aqueles olhos vazios, carentes, frios, sedentos de alma, de abraços quentes. Vi aquele ser rastejante, perdido no mundo, pobre viajante, tão só e vagabundo, nesta vida, mar sem fundo.<br />
Vi os meus óculos baços a inspirar solidão, vi a minha barba áspera que te pica o coração... e olhei... olhei até me perder para lá da realidade... e olhei... olhei até adormecer sonhando com a felicidade...<br />
<br />
<br />
Vi um cavalo a cavalgar no nevoeiro, nos meus olhos se perdia, no tempo eterno passageiro, cavalgava sem destino e corria o mundo inteiro, sentia na crina a vida com sabor a sentimento verdadeiro. Ondulava entre as nuvens, fantástico fogo alado, deslizava pelas estrelas, misterioso anjo disfarçado...<br />
<br />
<br />
Esperava por ti, para cavalgar ao relento, doce anjo disfarçado, estrela guia do meu sentimento...<br />
E cavalgaram tempos sem fim, dias e noites ao luar, correram entre pedaços de céu pelos sonhos sem lugar, teu cabelo ao vento dançava na fantasia, teu sorriso reluzente aquecia a noite fria.<br />
<br />
<br />
E o piano tocava, fazia-me companhia, vendo-te desenhar com o cavalo movimentos de magia...<br />
<br />
<br />
E o cavalo desceu, passou pela minha janela, entre as marcas da chuva secas vi o teu sorriso brilhar, trouxeste contigo pó de estrela, que me entrou pela janela, com o piano a tocar, levantou-se num vulto e começou a dançar, sussurrou-me ao ouvido que a Lua prometeu que ias dançar comigo tempos sem fim, dias e noites ao luar, envoltos em sentimento entre pedaços de céu sem lugar...<br />
<br />
<br />
Fico assim à tua espera para irmos cavalgar, por cada estrela do céu, daremos um beijo ao luar...<br />
<br />
<br />
<br />
<div align="right">Carlos Vieira</div><div align="right"><br />
</div><div align="right"></div>Heterónimos de Inêshttp://www.blogger.com/profile/16807943364701020092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6838581068995695885.post-68869890053537587042010-12-10T11:15:00.000-08:002011-04-21T14:00:18.575-07:00FACADAS DO CORAÇÃO - CARLOS VIEIRA (6º)<div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiTWVtaPlx58AdSl1qJmRoT9FK9sMTaFanceSBTbh5fuBryANpU9GIja9B-CL8TA5TUxoKyPBtZuK7_vxeY5ZlWKn84WzuchiczIrO2a6EM0dhR7q7AKa792Gl1L2-v8lVtasqtF6qn-Q/s1600/i04.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="211px" i8="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiTWVtaPlx58AdSl1qJmRoT9FK9sMTaFanceSBTbh5fuBryANpU9GIja9B-CL8TA5TUxoKyPBtZuK7_vxeY5ZlWKn84WzuchiczIrO2a6EM0dhR7q7AKa792Gl1L2-v8lVtasqtF6qn-Q/s320/i04.jpg" width="320px" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div>Acordei, não sei se a meio do dia ou se já no fim... entre cada batimento do meu coração parecem passar semanas, perco a noção do tempo ao reviver pensamentos, perco a noção do espaço ao voar nos sentimentos... e escrevo... escrevo porque a garrafa está vazia, escrevo, porque as palavras me fazem companhia...<br />
<br />
</div><div></div><div>E o meu coração bate... bate... bate... aflito, farto de estar preso nesta gaiola sem saída que eu sou... inquieto... quer sair, quer ser livre... dá fortes pancadas no meu peito como quem me crava uma faca cá dentro... bate... bate... bate... cada vez mais fraco, porém não pára e continua a bater... mas porque é que tanto insistes? Porque é que não desistes desta ânsia de viver? Não te entendo, não consigo perceber, como é que ainda resistes e não te deixas morrer?<br />
<br />
</div><div></div><div>Ah... já só consigo suspirar... porque é que não me ensinas a ver a vida a brilhar? Não resisto... quero chorar... quero beber... quero cravar as garras no tapete até rasgar, quero ver as gotas pela garrafa a escorrer, quero perder-me no mundo, quero ser o cobarde imundo que se deixa adormecer... quero-me esconder dos olhares frios, penosos... quero gemer súplicas de animais raivosos... quero entregar-me ao vício... quero deixar-me cair até ao fim do precipício... quero arrancar de raiva os cabelos, um por um caídos no chão... quero afogar em licor os flagelos deste desesperado coração...<br />
<br />
</div><div></div><div>Quero gritar bem alto até ecoar na solidão,</div><div>Quero-me afundar no mundo, sem fundo, no mar profundo da escuridão,</div><div>Quero ser um vagabundo, um pobre sem coração,</div><div>Quero-me arrastar como um verme, sem me levantar do chão...<br />
<br />
</div><div></div><div>Quero ter aquela essência, aquela loucura</div><div>Quero ser a decadência, o pranto, a amargura...<br />
<br />
</div><div></div><div>Digam-me que isto não é viver... que não sei o que estou a dizer... que exagero... que desespero e que de nada me vai valer... pois... por uma palavra que fosse, eu arriscava morrer...<br />
<br />
<br />
<br />
</div><div></div><div></div><div></div><div></div><div align="right">Carlos Vieira</div><div align="right"></div>Heterónimos de Inêshttp://www.blogger.com/profile/16807943364701020092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6838581068995695885.post-47367017943942081682010-11-19T14:23:00.000-08:002011-04-21T13:59:42.168-07:00BAILADO ENTRE LINHAS - CARLOS VIEIRA (5º)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDTeBWQCYmopxe8l0wAEhIK-Roou_dq_2QJWoIjBpeWQp3CvnFIibd0UowwCMwOzL78mX9OYVaXc_aClKPdhdF5XGz57lYe5-7s9aFXEw6jsnJUshgKF1IqselekjzlkzBAjpo3O-kUes/s1600/despair.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" i8="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDTeBWQCYmopxe8l0wAEhIK-Roou_dq_2QJWoIjBpeWQp3CvnFIibd0UowwCMwOzL78mX9OYVaXc_aClKPdhdF5XGz57lYe5-7s9aFXEw6jsnJUshgKF1IqselekjzlkzBAjpo3O-kUes/s1600/despair.jpg" /></a></div><br />
E entrei de novo... entrei no quarto... a porta gemeu como quem chora de puro rancor, eu deixei-me cair no chão, no tapete estavam marcadas as garras do animal revoltado contra o mundo, o chão riscado, ferido pelos desgostos de quem se deixa absorver por ele...<br />
<br />
As janelas choram gotas de água secas, marcadas no reflexo dos pensamentos que revejo e volto a rever, lá estás tu, dançando na chuva, eterna criança mulher, sorris para o céu como quem espera ser beijada por um anjo... rainha dos pensamentos, de fantasias, de sonhos, de sentimentos...<br />
<br />
O piano toca, ou parece tocar, vejo o pó levantar-se das teclas num bailado de vultos magestosos, chora e soluça, conta histórias de mistério, de paixão, de fogo, amor, solidão...<br />
<br />
E eu escrevo, escrevo os pensamentos que correm na esperança que os venhas ler, nos sonhos, nas fantasias, que me venhas conhecer...<br />
<br />
E eu... eterno escravo da mente... penso, afundo-me e nado, no mar infinito que é a imaginação...<br />
Rio, salto, choro, gemo, sinto, vivo...<br />
De sentimentos vive a escrita...<br />
De escrita vivem os meus sentimentos... é sede... é fome... é vício... necessidade de alimentar a alma para que não volte a cair no precipício.<br />
<br />
Cada nota do piano, cada choro da janela, cada sorriso teu aos anjos me inspira sentimento, essa dança, esse bailado dos magestosos vultos que voam, será outrora o romance das nossas almas que ecoam, num quarto vazio, que irá estar cheio de esperança, nas paredes caiados, histórias de tumultos passados, um que escrevia, à luz daquilo que sentia e outra que sorria, por gotas de chuva molhada, que dança, que rodopia, à espera de ser beijada.<br />
<br />
<div align="right"><br />
</div><div align="right">Carlos Vieira</div>Heterónimos de Inêshttp://www.blogger.com/profile/16807943364701020092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6838581068995695885.post-24259743451192253992010-11-03T16:05:00.000-07:002011-04-21T13:56:56.172-07:00SAUDADE - CARLOS VIEIRA (4º)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2dQ13C7NDfe_uBvLExIbHhGHuNQmjgdOHC32ysky5cvEx8qyWVB3zArHNIBY79b7Cd9aLKxLYVcWJ6Ot-nrlpB5xyXlKZholJr7mRHg_VtVAlut9uS4cJM6ytOkivRMt2rOEUcU_K3YQ/s1600/1081986.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213px" i8="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2dQ13C7NDfe_uBvLExIbHhGHuNQmjgdOHC32ysky5cvEx8qyWVB3zArHNIBY79b7Cd9aLKxLYVcWJ6Ot-nrlpB5xyXlKZholJr7mRHg_VtVAlut9uS4cJM6ytOkivRMt2rOEUcU_K3YQ/s320/1081986.jpg" width="320px" /></a></div><div> </div><div> </div>Saudades vão, saudades voltam,<br />
<div>Como ondas de espuma que contra a costa se revoltam,<br />
E recolhem para o mar,</div><div>Para outrora voltar,<br />
<br />
</div><div></div><div>São como o predador,<br />
Que sai à rua para caçar,</div><div>Que corre atrás da presa</div><div>Ele a correr tropeça,</div><div>E quando ela lhe foge,<br />
Volta sempre a atacar.<br />
<br />
</div><div></div><div>Saudades são como o rio,</div><div>Que a rocha quer desgastar,</div><div>Tanto insiste, tanto insiste,</div><div>Que acaba por furar.<br />
<br />
</div><div></div><div>Saudade de ti, estrela,</div><div>Que brilhas no céu da minha mente,</div><div>Saudade de ti, cor da minha aguarela,</div><div>Lágrima que me escorre pela cara lentamente.<br />
<br />
</div><div></div><div>Saudade de ti, predadora,</div><div>Que atrás da presa corre</div><div>Saudade de ti, ó rio </div><div>Que pelas veias me escorre.<br />
<br />
E saudade predadora,<br />
Para me caçar voltou,<br />
E saudade, rio que a desgastar demora,<br />
O meu coração furou.</div><div></div><div></div><div align="right"><br />
<br />
<br />
Carlos Vieira</div><div align="right"></div><div align="right"></div><div align="right"></div>Heterónimos de Inêshttp://www.blogger.com/profile/16807943364701020092noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6838581068995695885.post-16237036005097994142010-10-23T11:09:00.000-07:002011-04-21T14:07:51.218-07:00TEMPOS DE OUTRORA - ALICE PAIVA (2º)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjokD8efD2OAJKTCTKsFksNyS-hit-brBc5XPBFb2NcfFaM_ZUt7A4cI3B8JjD7qhTJNbW1r3lyD3yG34PqQon5IXkYOlvXllDs2ukQ-Air25NdGnGVfcpstfXofeNeuhXcu1or249l-x4/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" i8="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjokD8efD2OAJKTCTKsFksNyS-hit-brBc5XPBFb2NcfFaM_ZUt7A4cI3B8JjD7qhTJNbW1r3lyD3yG34PqQon5IXkYOlvXllDs2ukQ-Air25NdGnGVfcpstfXofeNeuhXcu1or249l-x4/s1600/images.jpg" /></a></div><br />
<br />
<br />
<br />
Hoje o dia está brilhante,<br />
Sinto o desejo de escrever,<br />
Para o passado reviver,<br />
No infinito distante.<br />
<br />
Poemas quero desenhar,<br />
Cada traço no coração a pulsar,<br />
Cada palavra a despontar,<br />
Em cada veia, uma flor a desabrochar.<br />
<br />
Hoje quero recordar,<br />
Aqueles tempos de criança,<br />
Em que podia voar,<br />
Entre sorrisos de esperança.<br />
<br />
Quero voltar a viver,<br />
O passado no presente,<br />
Quero ver-me a crescer,<br />
Sonhando vir a ser gente.<br />
<br />
Quero aquela fita no cabelo,<br />
Os pés descalços na Terra,<br />
Andando feliz pela Serra,<br />
Vendo como o mundo é belo.<br />
<br />
Sentir o vento de braços abertos,<br />
Chegar a casa e sentar-me à lareira,<br />
O pães a crescer, de baixo de panos cobertos,<br />
E eu sonhando voar, como as fagulhas da fogueira.<br />
<br />
As pedras na parede,<br />
Contavam histórias de embalar,<br />
Satisfaziam-me a sede,<br />
De ter alguém com quem falar.<br />
<br />
Cada pedra tinha um nome,<br />
Tinha histórias de vida para contar,<br />
A maior tinha filhos com fome,<br />
Uma família de bocas para alimentar.<br />
<br />
Todos os dias me falava,<br />
Que não tinham o que comer,<br />
E eu ia à socapa,<br />
Devargar, sem ninguém me ver.<br />
<br />
Tirava um pedaço de pão,<br />
Acabado de cozer,<br />
E ia dá-lo à Maria,<br />
A pedra mãe que sabia sempre o que dizer.<br />
<br />
E ela ficava contente,<br />
E fazia-me companhia,<br />
Ficávamos as duas junto à fogueira quente,<br />
Ouvindo histórias de magia.<br />
<br />
Tenho saudades da Maria,<br />
E da fogueira com fagulhas a voar,<br />
Vou pôr nas malas alegria,<br />
E preparar-me para lá voltar.<br />
<br />
<br />
<br />
<div align="right">Alice Paiva</div><div align="right"><br />
</div><div align="right"></div>Heterónimos de Inêshttp://www.blogger.com/profile/16807943364701020092noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6838581068995695885.post-47595103051225059342010-10-19T15:00:00.000-07:002011-04-21T14:08:37.502-07:00ESCREVO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4uufbyjIxnPovivuDb1PPhCIxSrDxxXjaBbiUiYjBw3pC1iIL52OSMvUAnYLFeZfJW2PzMYcFxxyGPgql0giqKF9U4CUpRvyPxj4tr4hzZuj79OVl3CQcror2bYQSOrA6bhN9HsQcPUc/s1600/Recorda%2525C3%2525A7%2525C3%2525B5es%25255B1%25255D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" i8="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4uufbyjIxnPovivuDb1PPhCIxSrDxxXjaBbiUiYjBw3pC1iIL52OSMvUAnYLFeZfJW2PzMYcFxxyGPgql0giqKF9U4CUpRvyPxj4tr4hzZuj79OVl3CQcror2bYQSOrA6bhN9HsQcPUc/s1600/Recorda%2525C3%2525A7%2525C3%2525B5es%25255B1%25255D.jpg" /></a></div><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Escrevo algo sem destino,<br />
Pois não sei para onde ir,<br />
Procuro nas palavras o caminho,<br />
O trilho que irei seguir..<br />
<br />
Escrevo, pois sou um alguém<br />
Mas não tenho identidade,<br />
Não tenho profissão, nem sou filho de ninguém<br />
Mas tenho a essência de uma pessoa de verdade.<br />
<br />
Escrevo sem saber a quem<br />
Pois nem a mim me conheço<br />
Escrevo porque a minha alma se sente bem,<br />
E a alma não tem preço.<br />
<br />
Não sei se hei-de usar<br />
Feminino ou masculino,<br />
Um alguém estou a criar,<br />
Para escrever algo genuíno.Heterónimos de Inêshttp://www.blogger.com/profile/16807943364701020092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6838581068995695885.post-10188003232032591262010-10-14T13:44:00.000-07:002011-04-21T14:07:13.677-07:00MEMÓRIAS - ALICE PAIVA (1º)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoK65besDlqf9tU3OEBi7MLIK9BZd4IzN_leEkE8iaOeO7rrIrIMQvMyQlvH_s1Y9NXoxA0PITYkYAUzNGgjv095OyfQ3c8HS7b4mkC5ZjLu7-vgD9G3M11nBR6JVTw_WvTqJxMbSuiqc/s1600/alice+paiva.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="305px" i8="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoK65besDlqf9tU3OEBi7MLIK9BZd4IzN_leEkE8iaOeO7rrIrIMQvMyQlvH_s1Y9NXoxA0PITYkYAUzNGgjv095OyfQ3c8HS7b4mkC5ZjLu7-vgD9G3M11nBR6JVTw_WvTqJxMbSuiqc/s320/alice+paiva.jpg" width="320px" /></a></div><br />
<br />
<br />
<br />
Sinto o frio lá fora<br />
Vejo a chuva cair como um anjo que chora,<br />
O cheiro da terra molhada<br />
Transporta-me para uma recordação<br />
De tempos de riso e gargalhada,<br />
Que me aquece o coração.<br />
<br />
Num abrir e fechar de olhos<br />
Sustenho a respiração<br />
E mergulho num mar de sonhos<br />
Sinto, vivo, bebo, respiro, cada segundo, cada emoção.<br />
<br />
Cheira-me a pão<br />
A figos e nozes,<br />
Lembro uma menina de saia de trapos,<br />
E na pequena mão, uma saca de farrapos,<br />
Correndo por montes e vales como gazelas velozes,<br />
Deixando pegadas dos pés descalços no chão.<br />
<br />
Pegadas que percorro agora com o sentimento,<br />
Deixando a alma correr no passado ao sabor do vento,<br />
Saboreando e aproveitando cada momento.<br />
<br />
Lembro aquela menina inocente,<br />
De olhos brilhantes e cabelo louro,<br />
Corria nos montes despreocupada e contente,<br />
Via o futuro com um reflexo de ouro.<br />
<br />
Tinha nos lábios um sorriso de alegria<br />
De amor para dar, de esperança,<br />
No coração a magia,<br />
A inocência de ser criança.<br />
<br />
E gostava do vento, do Sol e da tempestade<br />
Deixava-se levar na aventura,<br />
Perdia-se no tempo,<br />
Ria, chorava, corria, saltava,<br />
Mas aquilo que demonstrava, sentia-o de verdade.<br />
<br />
Era uma criança inocente,<br />
De coração transparente,<br />
Não escondia sentimentos,<br />
Vivia à flor da pele todos os bons momentos.<br />
<br />
Aproveitava a vida,<br />
Sem pensar no amanhã, vivia o presente,<br />
Fazia o próprio destino,<br />
Brincava com a sorte como quem faz a roda e dá o pino<br />
Não tinha medo de errar, ao cair, seguia em frente.<br />
<br />
Era eu aquela menina<br />
Da saia de trapos,<br />
Que vivia o presente,<br />
Com a saca de farrapos,<br />
Corajosa e valente.<br />
<br />
<br />
<br />
<div align="right">Alice Paiva</div>Heterónimos de Inêshttp://www.blogger.com/profile/16807943364701020092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6838581068995695885.post-73110454449783904742010-10-09T14:14:00.000-07:002011-04-21T13:55:28.479-07:00EPIFÂNIA - CARLOS VIEIRA (3º)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1HDnRiW28ZsOlR9xJW3iB_UywIQiuLIerE6eAs93qVedwx2Std98qPDjEg77XIqcqP0XBABRTAUHF2Z5VMJVU_XzDroOa_m71OF6C457Cj4MmXsXsQnz_KzlVLifVSktloTUBmpblXXk/s1600/imagesCADU7Y96.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" i8="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1HDnRiW28ZsOlR9xJW3iB_UywIQiuLIerE6eAs93qVedwx2Std98qPDjEg77XIqcqP0XBABRTAUHF2Z5VMJVU_XzDroOa_m71OF6C457Cj4MmXsXsQnz_KzlVLifVSktloTUBmpblXXk/s1600/imagesCADU7Y96.jpg" /></a></div>Acordei mais uma vez, mas não apenas outra... mudei... estou diferente... segundo o que se diz por aí nesse mundo de vermes que rastejam como eu dentro de sorrisos vestidos, depois de adulto já não se cresce, mas tenho a sensação que a minha alma cresceu, os anjos saltaram felizes da cama para fora e deixaram que visse por uma fresta entre as nuvens um raio de Sol brilhar... <br />
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Não me lembro de ter sonhado, nunca, desde que comecei a preencher a alma com aquela alegria dissimulada... e agora que se acabou tive um sonho... como uma memória de criança inocente que me transportou para um mar não mais de tempestade, agora pacífico, de um sentimento a que "esses" habituados a viver chamam "esperança"... pelos menos é essa a vaga recordação que tenho de um sentimento tão distante até hoje...<br />
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Agora que olho para trás sinto desprezo, repugnância e nojo daquele verme que eu era... rastejava no chão sem força para me levantar, agarrava a garrafa e ficava feliz na ilusão que tinha conquistado um par de asas que me levassem a voar para além do horizonte deprimente em que vivia desequilibradamente, quando no fundo apenas tinha conseguido uma carta branca para a detrioração da minha própria alma... o meu espírito era corrosivo contra mim mesmo... agora em frente ao espelho grito-te a ti meu velho eu que estás preso nessa inércia "És desprezível, metes-me nojo!!"<br />
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Larguei a âncora no fundo do mar deprimente onde vives e ficaste agarrado a ela com a fraqueza e cobardia típicas desses parasitas sem futuro com tu...<br />
Eu, o meu novo eu nadei com todas as forças libertei-me dessas cordas que me amarravam como tentáculos fortes de um polvo... e cheguei à superfície... agora vejo que a vida terrena é linda, tal como aqueles contos que a mãe me contava em criança, junto à lareira... um leve cheiro a nozes e pão acabado de cozer vem-me à memória e fazem bater o meu coração com uma coisa que se bem me lembro se chama "emoção"...<br />
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Mas vou mudar, seguir em frente e encontrar as verdadeiras asas... no lugar da garrafa, ponho agora na fresta, não mais dos cobardes, mas dos apaixonados, folhas de papel e uma caneta... pois o meu refúgio será a escrita... não um refúgio da deprimência, agora um refúgio deste paraíso, para criar outro, ainda melhor...<br />
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<div align="right">Carlos Vieira</div>Heterónimos de Inêshttp://www.blogger.com/profile/16807943364701020092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6838581068995695885.post-43754997640230763902010-10-06T14:31:00.000-07:002011-04-21T13:54:31.567-07:00O CÉU CONTINUA CHOROSO - CARLOS VIEIRA (2º)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiG8voV8K1Zyr5arlv0Xc1EelBauJx7ttX0JzMBmAmtES8td8GzpDEtFjXKMeyhP6eO5jBmZ92bj2CXl5uxyYy7jHRWCaRs6Ou5iqAJ2IjxajVXox991hSxAC7TwO8KbnTGxo_OR6P12M/s1600/lonely-person.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="256px" i8="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiG8voV8K1Zyr5arlv0Xc1EelBauJx7ttX0JzMBmAmtES8td8GzpDEtFjXKMeyhP6eO5jBmZ92bj2CXl5uxyYy7jHRWCaRs6Ou5iqAJ2IjxajVXox991hSxAC7TwO8KbnTGxo_OR6P12M/s320/lonely-person.jpg" width="320px" /></a></div>Acordei... é de manhã... dizem que o céu está limpo, que o Sol brilha, que está bom tempo, mas eu só vejo nuvens negras, escuras, deprimidas e deprimentes, tal como a vida que levo. Para mim o céu continua a chorar, como a minha alma... eternamente...<br />
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Não vieste, não te tenho, nem sei se algum dia te vou poder ter nos meus braços, envolver-te em carinho e ver a tua aura brilhar, mais forte ainda que o Sol escondido por detrás destas nuvens tristes, os lençóis dos anjos chorosos, desesperados como eu... por vezes pergunto-me se existe mesmo Sol lá ao longe no reflexo da janela, ou se é apenas mais uma ilusão distante como o dia em que tu chegas e pintas de cor a minha vida com a tua aguarela...<br />
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Agarro-me à garrafa, vazia como a minha alma, como o meu coração, como a minha esperança de viver... as lágrimas de outros choros secaram, talvez tenham achado que já não fazias falta aqui, minhas eternas companheiras nesse peso de viver, quem me dera poder-me evaporar daqui como uma lágrima triste e sozinha... e molhada... sim, sinto-me molhado, encharcado, submerso em humilhação, cobardia, deprimência, fraqueza... sentimentos de alguém cobarde... o mesmo alguém de sempre... aquele verme rastejante que se deixa afundar no desespero, que já chegou aos confins do mais profundo oceano e continua a afundar-se na infinidade da tristeza...<br />
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Abria a fresta dos cobardes, mas está vazia... até a minha esperança dissimulada se esvaziou... o buraco é cada vez mais fundo e as cordas para subir partem-se a cada batimento do meu coração, despedaçado pelas lágrimas que continuam a embater no chão...<br />
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Pergunto se algum dia viràs e a pergunta ecoa no ar... o tapete já rompeu com tantas garras marcadas, garras do bicho que continua escondido dos olhos impiedosos do mundo... a resposta é um silêncio sinistro... ouço a garrafa rebolar pelas tábuas de madeira, até ele segue o seu caminho, apenas eu fico aqui parado, sozinho... deixo-me adormecer mais uma vez na esperança que o tempo deixe de correr, que a Terra se decida a deixar de girar e que... num dia perfeito que parece nunca vir... o meu coração deixe de bater...<br />
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<div align="right">Carlos Vieira</div>Heterónimos de Inêshttp://www.blogger.com/profile/16807943364701020092noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6838581068995695885.post-31700985988713864052010-10-05T12:31:00.000-07:002011-04-21T13:53:29.071-07:00DESESPERO - CARLOS VIEIRA (1º)<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 10pt;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUX9S5Ozc9IOKOcXM96ZJkyZntCcbzQ5T2zTC4AKlC_vCo6P8tkg-YQRUAjKYaEUqj1vK2O4NLmUcdelHk358XygYHKM1Mi8apUnRwhZ-4ZjbTyL0Ijdd9EPVFpeLzLW_B0EMOxHvRRxc/s1600/carlos+vieira.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="248px" i8="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUX9S5Ozc9IOKOcXM96ZJkyZntCcbzQ5T2zTC4AKlC_vCo6P8tkg-YQRUAjKYaEUqj1vK2O4NLmUcdelHk358XygYHKM1Mi8apUnRwhZ-4ZjbTyL0Ijdd9EPVFpeLzLW_B0EMOxHvRRxc/s320/carlos+vieira.jpg" width="320px" /></a></div><span style="font-family: Calibri;">A porta range, como quem geme de puro rancor, entro no quarto, no ar um abafo, por entre o cheiro a licor… roupas pelo chão… escondendo a tristeza…</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 10pt;"><span style="font-family: Calibri;">Olho pela janela, entre gotas de chuva que os anjos vão chorando, vejo nas estrelas o reflexo do teu olhar…</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 10pt;"><span style="font-family: Calibri;">Mergulho em pensamentos… e deixo-me afundar… não resisto… entrego o meu corpo ao desejo, sem hesitar…</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 10pt;"><span style="font-family: Calibri;">Tremo por dentro, quero sair desta prisão, grito, gemo, arranco os cabelos um por um caídos no chão… desisto… choro, choro como um bicho escondido dos olhos do mundo… por entre as tábuas do chão, abro a fresta, a mesma de sempre, a de mim cobarde, fraco, e tiro a garrafa para abafar a tristeza… ao desenroscar a tampa, mais um gemido ao de leve, triste e constrangido… lágrimas de outros choros escorrem por ela abaixo… embatem no chão como uma bomba, explodindo mais um pedaço do meu coração… as marcas das minhas unhas no tapete exprimem raiva, dor, revolta de viver… já não sei se é verdade… se é sonho ou pesadelo… sinto os teus lábios macios beijando-me o rosto, contra a minha barba áspera que pica, dura como o meu desgosto… sinto a tua mão a passar nas minhas costas ainda húmida… por entre as curvas da tua sensualidade escorrem os pingos de água, da chuva, não das lágrimas, não de ódio, de felicidade…</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 10pt;"><span style="font-family: Calibri;">Chegaste da rua, de rodopiar feliz entre os salpicos da chuva, enquanto aqui a chuva é o choro de quem desespera, desiste, não luta… perdi as batalhas… perdi toda a guerra, conto os desgostos pelos cabelos no chão… sinto o desejo do teu corpo, do teu amor, da tua paixão…</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 10pt;"><span style="font-family: Calibri;">Deixas-me um beijo num sopro quente e acolhedor… e eu falhado, choro no chão, desespero por sentir o teu doce aroma, por beber o bafo suave da tua respiração…</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 10pt;"><span style="font-family: Calibri;">A última gota de licor cai pela garrafa, acabou, assim como a minha felicidade… tudo tem um fim… apenas este sofrimento dura para a eternidade…</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 10pt;"><span style="font-family: Calibri;">Rendido de tantas derrotas, deixo-me adormecer… acordo amanhã… na esperança de te poder ter…</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 10pt;"><br />
</div><div align="right" class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 10pt; text-align: right;"><br />
</div><div align="right" class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 10pt; text-align: right;"><br />
</div><div align="right" class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 10pt; text-align: right;"><span style="font-family: Calibri;">Carlos Vieira</span></div><div align="right" class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 10pt; text-align: right;"><br />
</div>Heterónimos de Inêshttp://www.blogger.com/profile/16807943364701020092noreply@blogger.com6